O Quintal - A PEREIRA / Pereira
Dentro do ônibus, olhei ansiosamente para fora. A paisagem da aldeia arrastava-se a uma velocidade lenta relativamente à vontade de chegar. Até que minha cabeça foi empurrada para frente e o som dos freios finalmente anunciou minha chegada em casa. O portão de ferro preto se abriu como se estivesse me recebendo. No jardim, horta, pomar, árvores de fruto, flores, nabos e animais me aguardavam. Como era bom esse sentimento de comunhão com a natureza. Eu não sabia disso, mas era uma garota feliz da aldeia. Em frente à minha casa, entre muros de pedra e vinhas, erguiam-se orgulhosamente pereiras majestosas, como que em homenagem ao nome da família do meu avô. As tardes ensolaradas eram passadas entre as brincadeiras ao redor dessas lindas árvores. Os troncos exuberantes que acolheram meu corpo cansado de correr e brincar, mas também acolheram meus pensamentos sobre as questões ingênuas daqueles tempos. Foi lá que contei as flores e imaginei as peras que iria provar assim que ficassem prontas. Foi lá que os meus sonhos foram abraçados, foi lá que o tempo teve direito de ser um tempo de ser e de sentir, foi lá também que descobri que sou Pereira. Foi lá que estive e ainda sou feliz.