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| The Swallow |

|Andorinha|

A dureza do inverno sempre nos fez desejar dias mais suaves e longos, a brisa serena em nossos rostos, a luz tênue nas folhas das árvores em flor.
Meu quarto era compartilhado com minha irmã e uma janela separava nossas camas. O dia sempre começava com minha mãe entrando no quarto para dar bom dia, antes mesmo do sol nascer. Naqueles dias o ritmo dos meus passos era lento, enfadonho, e já esqueci os dias claros e amenos da primavera.
Lembro-me com doçura da alegria que despertou em mim quando o sol nasceu cedo para iluminar o quarto, antes mesmo do persistente anúncio de minha mãe. Uma energia revigorante, como se o meu corpo não conseguisse conter a felicidade e o poder, e os meus pés corressem, com um entusiasmo que não conseguiam acompanhar, rumo à aventura. Lá fora, um mundo de descobertas. O início de um novo ciclo.
Estendo a mão e giro a maçaneta. A porta se abre. Saio de casa e entro no mundo. O céu está dentro de mim. Não sou mais eu, sou o céu.
Conservo esta imagem que, embora desbotada e distorcida, também é muito viva em mim: uma menina, com as mãos nas alças da mochila e a cabeça voltada para o céu. Ela está com os olhos fechados (o cheiro do vento quente fica melhor com os olhos fechados, é uma sensação que ela ainda não sabe expressar em palavras, mas que a deixa feliz). Nesse momento, ouve-se a buzina do ônibus escolar que a espera. A menina abre os olhos e ainda imersa nas sensações, vê as andorinhas. Essa garota sou eu.

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